Vida em Movimento – T2:E5 – Histórias do empreendedorismo feminino no Brasil

Para marcar o Dia Internacional do Empreendedorismo Feminino, comemorado hoje, 19 de novembro, a Fundação Grupo Volkswagen está lançando o 5º episódio da 2ª temporada do podcast Vida em Movimento. Ele reúne várias histórias inspiradoras de empreendedoras que têm, em comum, trajetórias de perseverança e muita batalha. A data é uma iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) para incentivar mulheres do mundo todo a criar e comandar seus próprios negócios. Apesar dos casos de sucesso, ainda temos um longo caminho a percorrer. Segundo o Sebrae, a taxa de mulheres que começam a empreender por necessidade é 12% maior do que a de homens. E, mesmo assim, as donas de negócios faturam 22% a menos. Por isso, muitas vezes, empreender é um ato de coragem e sobrevivência, especialmente quando o gênero é mais um obstáculo a vencer. Para falar sobre esses e outros desafios, a Fundação convidou Camila Vasconcelos e Livia Marengo, do Senai São Paulo; Gabriela Fernandes, da ASID Brasil (Ação Social para Igualdade das Diferenças); Joades Melo e Jéssica Melo, da Divina Agulha, empreendimento participante do projeto Costurando o Futuro, iniciativa da Fundação Grupo Volkswagen que estimula a inclusão produtiva de mulheres. Embarque com a Fundação nesse movimento! Ouça agora no site e nas principais plataformas de streaming.
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Confira a transcrição do áudio

Vinheta de abertura

Fundo musical

Renata Pifer  – Olá todas e todos, bem-vindos a mais um episódio do Vida em Movimento, o podcast da Fundação Grupo Volkswagen

Renata Pifer  – Eu sou Renata Pifer

Ludmila Vilar – E eu sou Ludmila Vilar

Renata Pifer  – Hoje a gente não vai contar uma história. Vamos contar várias! E, em comum, todas misturam perseverança, inspiração, e muita batalha. São as histórias do empreendedorismo feminino no Brasil.

Ludmila Vilar – Em 19 de novembro é comemorado o Dia Internacional do Empreendedorismo Feminino. A data é uma iniciativa da ONU e foi criada para incentivar mulheres no mundo todo a criar e comandar seus próprios negócios. Uma agenda central quando falamos, inclusive, dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, também da ONU. Como os que tratam da “erradicação da pobreza”, da “igualdade de gênero”, do “trabalho decente e crescimento econômico” e o do “consumo e produção responsáveis”

Renata Pifer – O empreendedorismo, de homens e mulheres, é um dos caminhos da chamada mobilidade social, uma das causas abraçadas pela Fundação Grupo Volkswagen. Esse conceito pode ser definido como a capacidade de os indivíduos se movimentarem dentro do sistema de hierarquia social de um país. Ou seja, a capacidade de conquistar mais: mais espaço, mais autonomia financeira e, como consequência, mais bem-estar de maneira geral. O Vida em Movimento já abordou esse tema antes, no episódio 6 de sua primeira temporada, lançada em 2020. Na ocasião, falamos com Silvana Bahia, coordenadora do projeto PretaLab, um dos finalistas do 1º Prêmio Fundação Grupo Volkswagen, realizado em 2019. A Silvana falou com a gente sobre as agendas da autonomia financeira feminina, por meio do empreendedorismo, e o recorte de raça, que se relacionam com a nossa causa da mobilidade social. Já que neste mês também celebramos o Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro. Vamos relembrar um pouco da conversa com a Silvana?

Silvana Bahia – Eu acho que pensar o dia do empreendedorismo feminino, o dia da consciência negra é pensar nessa interseccionalidade do que é ser uma mulher negra empreendedora. Tem dados que dizem isso, que as mulheres negras são as que mais empreendem. Eu acho isso um dado interessante, mas que ele também demonstra uma outra questão que é mais dura, que é o fato de não estarmos tão absorvidas em empregos formais. A gente não empreende porque “ai temos o dom” necessariamente, mas porque muitas vezes empreender se torna uma necessidade.

Ludmila Vilar – E como bem mencionou a Silvana, o empreendedorismo, principalmente feminino e ainda mais entre as mulheres negras, está longe de ser um conto de fadas. Nem sempre ele tem a ver com a realização de um sonho ou a concretização de um desejo. Claro, tem a ver com isso também, mas na maioria das vezes a gente está falando de pessoas que tiveram que arregaçar as mangas. E prover sozinhas, para si e suas famílias, o que a nossa estrutura social infelizmente não garante para a maior parte da população. Empreender é um ato de coragem para garantir a sobrevivência. Especialmente quando falamos das mulheres, que sempre têm um obstáculo a mais a vencer: o de gênero. Segundo dados do Sebrae e do Monitoramento Global de Empreendedorismo, a taxa de mulheres que começam a empreender por necessidade é 12% maior do que no caso dos homens. Mesmo assim, as mulheres donas de negócio ganham 22% a menos. Ou seja, se eles matam um leão por dia, a gente enfrenta uma alcateia inteira.

Renata Pifer – É isso mesmo, Ludmila. Por isso que o empreendedorismo feminino merece uma data para ser lembrado. E as empreendedoras merecem nossos parabéns cheio de respeito e admiração. Aliás, respeito e admiração são duas coisas que permeiam as histórias dessa pauta no Brasil e no mundo. Vamos à nossa viagem no tempo?

Ludmila Vilar – A história nos mostra que a relação entre as mulheres e a prosperidade financeira nunca encontrou nenhum tipo de apoio. A não ser, claro, o casamento. Há até um filme superinteressante, chamado Orlando, de 1992, e que trata disso de forma bastante inusitada. Nele, a atriz inglesa Tilda Swinton vive o personagem-título, que nasce homem, um jovem e rico príncipe europeu, mas que um belo dia, sem maiores explicações, acorda mulher. E, entre todos os acontecimentos que isso provoca, um chama a atenção. Agora mulher, ou “Lady Orlando” se casa ou perde toda sua fortuna. Ela não quis se casar e não deu outra: o Governo Britânico confiscou tudo o que ela construiu e possuía por direito de herança. Tirando o realismo fantástico, a parte sobre uma mulher solteira não conseguir viver em paz com seu dinheiro é historicamente bem verdade.

Renata Pifer – É por isso que as conquistas de mulheres que conseguiram quebrar esse paradigma são tidas como marcos históricos. Como a norte-americana Madam C. J. Walker, considerada a primeira milionária dos Estados Unidos, e do mundo. E que, além de mulher e viver no século 19, era negra. Madam C. J. Walker é tida também como a mãe do empreendedorismo feminino. Tendo criado – sozinha e do zero – um império de produtos de beleza para mulheres negras. Ela se tornou uma pioneira também nesse ramo, iniciando suas atividades a partir dos anos de 1880, depois de ficar viúva.

Ludmila Vilar – No Brasil, não há registros de quando teria surgido a primeira mulher empreendedora. Pelo menos não em termos formais. Mas não é preciso pesquisar muito para encontrar os nomes e rostos das brasileiras empreendedoras. Mulheres que transformaram as suas vidas e a de outras pessoas por meio da força de suas iniciativas. Claro que um dos primeiros nomes que vêm à mente é o da empresária Luiza Helena Trajano. A jovem que começou a trabalhar na loja de presentes dos tios, no interior de São Paulo, no começo dos anos de 1990. E acabou transformando o negócio num gigante do varejo, amplamente conhecido nos dias de hoje.

Renata Pifer  – Luiza é, sim, um exemplo de empreendedora, de empresária e de sucesso. Mas é importante lembrar que nem todas as ideias se tornam impérios com milhares de lojas físicas ou lojas virtuais de alcance e sucesso nacional. Temos exemplos como o da Heloísa Helena, conhecida como Zica. Depois de trabalhar como babá e empregada doméstica, ela viu nos próprios fios cacheados uma oportunidade de melhorar a sua vida e a de outras mulheres. No melhor estilo Madam C.J. Walker, Zica Assis fez um curso de cabeleireira e usava esse espaço do salão onde tinha aulas para testar os produtos que mais geravam resultados em cabelos crespos e cacheados. O resultado foi a criação, em 1993, do Instituto Beleza Natural, hoje com mais de 40 unidades no país.

Ludmila Vilar – E temos também a Maria José de Lima Freitas, a Mazé, que deu essa guinada com os doces que sabia fazer. Depois de perder o emprego de faxineira, e passar mais de um ano desempregada, ela decidiu começar a vender doces para sustentar os dois filhos. O primeiro tacho de pé de moleque lhe rendeu R$ 20, em 1999. A partir daí, o negócio prosperou. E hoje a Mazé Doces produz mais de 100 toneladas de gostosuras anualmente. Tem mais de 25 funcionários e um faturamento anual de R$ 1 milhão. Mas ainda assim, na maioria das vezes, o sucesso não chega na forma de um faturamento milionário.

Renata Pifer  – Isso mostra que o empreendedorismo é também sobre vencer os desafios da vida. E nem sempre é sobre ficar milionário ou famoso. A vida real está cheia dessas histórias com H minúsculo e um grande B de bravura. Conquistas que alguns podem considerar pequenas. Passos que outros julgariam curtos. Mas que no fundo são iniciativas que vencem grandes barreiras. E que podem representar a total transformação nas vidas de algumas pessoas e suas famílias. O projeto Costurando o Futuro, iniciativa da Fundação Grupo Volkswagen, é um ótimo exemplo disso. Por meio da doação de tecidos automotivos, por parte das marcas do Grupo Volkswagen e seus fornecedores, 16 grupos produtivos de costureiras da Grande São Paulo encontram na técnica do reuso de matéria prima um reforço para seus negócios. Em 2020, o projeto impactou 58 pessoas empreendedoras, quase todas mulheres. E foram mais de 1 tonelada e meia de tecidos automotivos doados. Uma das iniciativas participantes é a Divina Agulha, negócio criado pela Joades Melo, a Jô,  e sua filha, Jéssica Melo. A gente convidou as duas para participarem do programa de hoje, contando como é ser mulher e empreendedora no Brasil.

Joades Melo – Oi, pessoal, aqui é a Jô, contando um pouco da história da divina agulha. Nós atuamos na fundação há mais ou menos uns 6 anos, inicialmente na confecção de bolsas, mochilas e necessaire. Com o contato com a fundação passamos a receber incentivos, incentivos de feiras e shoppings e também patrocínios. A fundação também passou a mediar contatos pra gente com várias empresas parceiras com as quais fizemos vários negócios. Hoje, atendendo com certa autonomia, a gente está precificando os nossos produtos, vendendo brindes empresariais e também desenvolvemos projetos para eventos.

Jéssica Melo – Oi pessoal, tudo bem? Aqui é a Jéssica. Nós sabemos que o empreendedorismo feminino aqui no Brasil, desde o início é a mulher ter sempre buscado o seu lugar aqui na sociedade e devido a questão da tecnologia atual que hoje comparada ao que era antigamente, hoje ela está bem evoluída e isso se tornou bem mais visível para o mundo inteiro o quanto a mulher busca esse empreendedorismo, o quanto também para a mulher é importante ter o seu negócio, desenvolver o seu negócio. Então, a gente vê, a gente acredita que hoje a mulher tem tido mais força na sua fala, mais força no seu trabalho, enfim ela tem demonstrado isso mais como exemplo a gente pega a Divina Agulha que iniciou com uma mulher e a gente vê o que a tecnologia, ela ajudou muito as pessoas poderem enxergarem essas mulheres. E um outro ponto que a gente achou importante que a gente conversou aqui é ter uma confecção as pessoas antigamente, hoje ainda tem bastante, eles veem a costura ou a confecção como a “tia da costura”, né?  E hoje a gente quer mostrar  pro mundo que não. Nós não somos as tias da costura, nós somos mulheres empreendedoras e mulheres que buscam estudos, mulheres que buscam mais conhecimento, mulheres que buscam sempre terem um olhar uma visão mais ampla do que está acontecendo no mundo. Nós somos mulheres que investimos também na nossa confecção com maquinários. A confecção em si que a gente trabalha hoje não é apenas uma costura, mas sim mulheres empreendedoras, empresárias que vem mostrando aí para vocês um novo olhar, uma nova experiência

Ludmila Vilar – A Jo e a Jéssica estão ao lado de outras 30 milhões de mulheres no Brasil. Um número que equivale a quase metade do mercado empreendedor brasileiro. E que, só em 2020, cresceu 40%, conforme dados da Rede Mulher Empreendedora. Além disso, esse mesmo levantamento mostra que as mulheres são mais ágeis na hora de inovar: 11% contra 7% do lado deles. E são também mais conectadas: 71% das mulheres usam redes sociais e aplicativos para impulsionar comércios, enquanto entre os homens, essa taxa é de 63%

Renata Pifer  – E por falar em conectividade, pudemos comprovar recentemente essa presença das mulheres nos ambientes virtuais de negócios e aprendizagem. Em parceria com a Fundação Grupo Volkswagen, o SENAI, em São Paulo, ofereceu, este ano, cursos dentro do projeto Costurando o Futuro. A Camila Vasconcelos, que acompanhou o processo lá no Senai, deu um depoimento para a gente contando mais sobre esse trabalho. Ela é Especialista em Educação Profissional e conversou com a gente junto com a Livia Marengo.

Camila Vasconcelos – Olá, eu sou a Camila Vasconcelos do SENAI São Paulo e vim aqui compartilhar com vocês um pouquinho da parceria com a Fundação Grupo VW, parceria essa que acontece desde 2019 com o desenvolvimento de capacitação profissionais  em diversos segmentos da indústria focados em formações que possibilitem o participante atuar no mercado de trabalho como funcionário de uma empresa ou atuar de forma autônoma sempre buscando empreender. Com o atual cenário, para esse ano tivemos a oportunidade de quebrar paradigmas ao realizar cursos de costura online para o projeto Costurando o Futuro. Para isso foi imprescindível o investimento do SENAI São Paulo na adaptação e infraestrutura do ambiente de ensino da Escola SENAI Francisco Matarazzo, local onde as professoras conectam-se por meio de ferramenta de comunicação remota com as participantes dos cursos. Além da infraestrutura disponibilizada pelo SENAI São Paulo, essa dinâmica exigiu empenho e ousadia tanto das professoras quanto das participantes para colocar esse jeito diferente de aprender em prática.  No cronograma do projeto, ao final de cada módulo acontece encontros presenciais para que os trabalhos realizados durante as aulas possam ser apresentados pelas alunas e na última visita ao projeto foi surpreendente ver esse resultado. Observar que as alunas estavam engajadas, ligadas às professoras, ver o que elas aprenderam que estavam satisfeitas e confiantes pois conseguiram se adaptar ao método e às questões tecnológicas. Nesse encontro, muitas delas relataram que possuíam filhos pequenos ou moravam longe e não teriam condições de frequentar o curso de forma presencial, mas essa alternativa resolveu esses pontos, surpreendeu as expectativas e abriu diversas possibilidades. Hoje, elas já conseguem gerar rendas com as técnicas e conceitos que aprenderam, criando produtos diferentes e personalizados. Isso com certeza nos mostra que tanto as professoras quanto as participantes possuem esse perfil empreendedor, sempre atentas às oportunidades e buscando soluções criativas. Sabemos que o empreendedorismo é um fator extremamente importante para o crescimento de qualquer profissional e de qualquer empresa, por esse motivo, nós do SENAI São Paulo, trabalhamos com diversas frentes para difundir essa cultura. Livia Marengo, Agente de Inovação aqui do SENAI São Paulo tem bons exemplos do que podemos realizar e oferecer quando o assunto é inovação e empreendedorismo.

Lívia Marengo – Olá, eu sou Lívia Marengo e nesse relato que a Camila acabou de trazer para nós é notório que as professoras se desafiaram e  inovaram nas suas profissões o que me faz comentar um pouquinho com vocês sobre o intraempreendedorismo, essa palavra difícil mas que se explica por si só: o intra vem de dentro e empreendedorismo é a disposição ou a capacidade de idealizar, coordenar e realizar projetos, serviços ou negócios. Nesse sentido o SENAI São Paulo possui iniciativas em conjunto com as indústrias que trabalham a capacidade de inovar dos colaboradores dentro das empresas fortalecendo a cultura e promovendo protagonismo desses colaboradores. E ainda sobre a iniciativa e espírito empreendedor dessas professoras, hein? Elas desempenharam um papel ativo que permitiu a realização das mudanças, viabilizando o aprendizado dessas alunas. E por falar em alunas, quantas histórias inspiradoras e motivadoras já ouvimos aqui não? Também não falta espírito empreendedor nelas. E você aluna que possui esse conhecimento adquirido no SENAI em parceria com a Fundação Grupo Volkswagen, você já pensou que seu produto pode ser útil para as indústrias? São muitas oportunidades para fortalecermos o empreendedorismo feminino tanto dentros das indústrias como nos seus próprios negócios, podendo entregar melhores soluções sempre pra indústrias.

Ludmila Vilar – E olha outra informação interessante sobre o empreendedorismo feminino no Brasil. O Instituto Rede Mulher Empreendedora revelou que 34% das mulheres ouvidas em sua pesquisa anual sofreram algum tipo de agressão em relações conjugais. Mas, ao empreender, 48% delas conseguiram sair desses relacionamentos abusivos e violentos. Segundo Ana Fontes, fundadora e presidente da Rede Mulher Empreendedora, ao empreender, as mulheres se sentem – abre aspas – “mais independentes, confiantes e seguras, permitindo que elas mudem sua condição dentro de relacionamentos abusivos” – fecha aspas. Foi a busca por um futuro melhor, e longe do preconceito, que levou a hoje Youtuber e influencer Faela Maya a empreender. E de um jeito bastante criativo. Nascida em Jaguaribe, município do Ceará, Faela foi tentar a sorte na capital Fortaleza. Mas a inclusão não estava esperando por ela nem na cidade grande. Foram cinco anos tentando um emprego – qualquer que fosse. Em entrevistas, Faela conta que, em muitos dos “nãos” que recebeu, o peso recaiu sobre o fato de ela ser uma mulher trans. A saída foi voltar para casa. Triste e frustrada, mas não vencida. Isolada em casa pela pandemia, Faela começou a gravar vídeos com as amigas e decidiu postar na internet. O material fez tanto sucesso que, em poucos meses, ela se tornou uma web celebridade. Hoje são mais 3 milhões de seguidores somando Facebook, Youtube, Instagram e TikTok. Em matéria publicada no site TAB Uol, Faela foi chamada de “a Janet Clair da internet”, fazendo referência à autora de clássicos da telinha como Irmãos Coragem e Selva de Pedra. As histórias de Faela, além de engraçadas, flertam mesmo com os dramalhões de antigamente da famosa autora. E ao retratar um universo essencialmente feminino – cheio de sororidade, mas também com alguns arranca rabos encenados –, muitos de seus seguidores a comparam ao cineasta espanhol Pedro Almodóvar . Mas essa não é uma história só de fama na internet, não. A criatividade e o talento de Faela Maya passaram a “monetizar” como se fala entre os produtores de conteúdo na internet. Ou seja, gerar remuneração pelos vídeos postados nas redes. Com essa renda, Faela já conseguiu reformar a casa da mãe, com quem mora hoje, e também pagar um cachê para as 14 pessoas do elenco.

Renata Pifer  – E já chegando ao fim do programa, vamos trazer mais uma ação da Fundação Grupo Volkswagen: o projeto Empreendedorismo para Todos, realizado pela ONG ASID Brasil – Ação Social para Igualdade das Diferenças e financiado pela Fundação, que visa fomentar e incentivar o empreendedorismo das pessoas com deficiência. Apesar de não fazer um recorte de gênero, a iniciativa também proporcionou capacitação e oportunidade para que mulheres possam empreender a partir de seus próprios talentos. E para entender melhor o impacto desse trabalho na vida dos beneficiados e beneficiadas, a gente também conversou com Gabriela Fernandes, da ASID Brasil. A palavra é sua, Gabriela.

Gabriela Fernandes – Um desejo muito grande da ASID e da Fundação Grupo Volkswagen era trazer bastante diversidade pensando em diferentes grupos sociais que poderiam participar. Quando a gente fez o processo seletivo a gente olhou bastante com atenção para pessoas que tinham diferentes tipos de deficiência, pessoas com diferentes faixas de renda, pessoas vulneráveis, mulheres, comunidades LGBTQI+. Então, a gente tentou abarcar ao máximo diferentes públicos e pensar numa divulgação que fosse inclusiva. Quando nós fizemos a seleção 40% das pessoas estavam dentro do projeto se identificava como mulheres dos outros percentuais restantes tem 10% que não quiseram se identificar e 50% de homens. A gente considerou que isso era muito bacana porque tem várias questões relacionadas ao empoderamento feminino e ao empoderamento das pessoas com deficiência que tocam os nossos beneficiários aqui do projeto. E falando da mentoria com foco maior na questão de gênero do empreendedorismo feminino a gente tem vários casos de destaque que são superlegais de compartilhar. Dos 20 selecionados 9 são mulheres, então a gente tem 45% de mulheres mas indiretamente a gente tem mais 2 pessoas que participam, que são mães que acompanham seus filhos na mentoria e a gente também tem alguns casos em que a pessoa que tá sendo monitorada é um homem, mas o empreendimento está sendo desenvolvido com a família, então tem diversas mulheres envolvidas ali.

Ludmila Vilar – E assim a gente encerra o 5º episódio, da segunda temporada, do Vida em Movimento. Cada programa que a gente cria é pensado para informar, para entreter (por que não?) mas, principalmente, para inspirar. E com isso sensibilizar as pessoas para temas e pautas de interesse de todas e todos.

Renata Pifer  – Esperamos que esse programa tenha cumprido essa função. Um abraço e até o próximo!

Locutor – O podcast Vida em Movimento é uma realização da Fundação Grupo Volkswagen. Produção, pesquisa e roteiro: RPTCom e Fundação Grupo Volkswagen. Apresentação: Renata Pifer e Ludmila Vilar. Produção musical, gravação, edição e finalização: Groove Audiomedia. Se você quiser saber mais sobre mobilidade social e empreendedorismo, acompanhe nosso site ou siga a gente nas redes sociais.