Como colaboradores e comunidades, conectados pelo Programa Aliados da Fundação Grupo Volkswagen, contribuem para a mobilidade social em diferentes cidades do Brasil
Falar de voluntariado é falar de tempo, cuidado e encontro. Quando uma pessoa decide se envolver com a realidade de outra, colocando à disposição suas mãos, sua escuta e seu conhecimento, algo muda, seja para quem recebe, mas também para quem doa. Em um país marcado por profundas desigualdades, esses encontros podem se transformar em pontes: entre territórios e oportunidades, e entre sonhos e caminhos concretos para realizá-los.
A mobilidade social não acontece de um dia para o outro. Ela é resultado de uma combinação de fatores: acesso à educação de qualidade, oportunidades de trabalho digno, redes de apoio, espaços seguros para brincar, aprender, envelhecer e conviver. O voluntariado, especialmente quando articulado em programas estruturados, como o Programa Aliados da Fundação Grupo Volkswagen, ajuda a fortalecer cada um desses pontos, reduzindo distâncias que, muitas vezes, parecem intransponíveis.
Entre outubro e novembro de 2025, o Programa Aliados mobilizou colaboradores e parceiros em uma verdadeira jornada pelo país, conectando empresas, organizações da sociedade civil, crianças, jovens, adultos e idosos em ações que são, na prática, pequenas sementes de transformação.
Acompanhe cada cidade, uma a uma, para entender como o voluntariado se materializou em experiências concretas.
Resende (RJ) – Brincar, cuidar do território e fortalecer laços comunitários
Em Resende, no bairro Jardim Esperança, o Aliados se aproximou da Associação do Jardim Esperança e Fazenda da Barra I para construir, junto com a comunidade, um conjunto de ações que combinam alegria para as crianças e cuidado com o espaço comum.
A primeira frente foi a Festa do Dia das Crianças, planejada para reunir famílias em uma manhã de brincadeiras e celebração. Oficinas de slime e de produção de bijuterias, pintura de rosto, brincadeiras com bexigas, cordas, bambolês, desenhos e pinturas, além da distribuição de bolas como presente, compõem um circuito lúdico que reforça o direito de brincar e de ocupar o território com segurança e afeto.
Barracas de alimentação com cachorro-quente, pipoca, algodão-doce e refrigerante e a participação de voluntários fantasiados ou atuando como fotógrafos ajudaram a transformar o encontro em uma memória boa de infância, daquelas que ficam para sempre.
A segunda frente foi um mutirão de infraestrutura, voltado à melhoria da sede da associação e de seu entorno. A proposta incluiu pintura da fachada com grafite e o logo da instituição, renovação de brincadeiras no chão próximo ao parquinho, limpeza da área frontal com plantio de mudas e limpeza do terreno ao lado da sede.
Nesse tipo de ação, o voluntariado atua diretamente na qualificação do espaço público: ao tornar o lugar mais bonito, seguro e acolhedor, cria condições para que crianças, adolescentes, adultos e idosos possam se reunir, participar de atividades comunitárias e fortalecer suas redes de apoio. Em Resende, o Programa Aliados mostra como o cuidado com as pessoas e com o território andam juntos. Quando a comunidade vê seu espaço valorizado e colorido pelas próprias mãos de moradores e voluntários, reforça-se a sensação de pertencimento, um passo importante no caminho da mobilidade social e da redução das desigualdades.
São Paulo (SP) – Afeto, esporte e celebração de vidas inteiras
Em 25 de outubro, o Aliados chegou ao bairro do Jabaquara, em São Paulo, para um dia especial com o Instituto Volte a Sonhar. Foram 27 voluntários, além de 18 convidados externos, entre adultos e crianças, em uma ação que beneficiou diretamente 50 crianças e 5 adultos.
Enquanto uma parte do grupo se dedicava à cozinha – preparando um almoço completo e sobremesas para a festa dos aniversariantes do mês – outro time organizava e decorava o espaço para a celebração.
Em paralelo, voluntários conduziam atividades de Experimentação de Esportes Olímpicos e Paralímpicos, com apoio de monitores especializados, em um parque esportivo próximo.
Mais do que um “dia diferente”, essa experiência ofereceu às crianças a vivência do esporte como ferramenta de inclusão, disciplina e autoestima. Para muitas famílias, encontrar um ambiente seguro onde os filhos podem brincar, praticar esportes e se alimentar bem já é, em si, uma forma concreta de enfrentamento das desigualdades.
Vinhedo (SP) – Esporte, estrutura e pertencimento
No dia 1º de novembro, o grupo Aliados de Vinhedo se encontrou com adolescentes e jovens do Instituto Itacolomi. A ação contou com 24 voluntários e 20 convidados externos (10 adultos e 10 crianças), beneficiando diretamente 30 adolescentes e jovens atendidos pela instituição.
Além da Experimentação de Esportes Olímpicos e Paralímpicos – como hóquei sobre grama, mini atletismo, vôlei sentado e futebol de 5, os voluntários trabalharam na melhoria da infraestrutura, como pintura da mini quadra, renovação de azulejos, troca de capas de sofá e de tampos de mesa. Depois, teve a preparação de um lanche coletivo.
Ao mesmo tempo em que os jovens ampliavam seus repertórios de práticas esportivas, a instituição ganhava espaços mais bonitos, seguros e acolhedores para o desenvolvimento das atividades no dia a dia.
Quando um equipamento comunitário é cuidado, ele se torna uma referência de pertencimento e proteção no território: fator decisivo para que adolescentes e jovens permaneçam em trajetórias mais seguras de estudo, convivência e projeto de vida.
Salvador (BA) – Brincar, sonhar e ressignificar trajetórias
No dia 8 de novembro, foi a vez de Salvador receber as ações do Programa Aliados, em parceria com a Associação de Moradores do Conjunto Santa Luzia e o Espaço Cultural Alagados. Foram 45 vagas voluntários em uma ação que beneficiou diretamente 25 crianças e 15 mulheres idosas.
As frentes de trabalho incluíram brincadeiras com as crianças, pautadas pelo tema da segurança no trânsito; melhorias na infraestrutura do Espaço Cultural; e a atividade “Tecendo meus Sonhos” com mulheres idosas, inspirada na obra “O Conto da Moça Tecelã”, de Marina Colasanti.
Ao levar o tema da segurança no trânsito para o universo lúdico, os voluntários dialogaram com o direito das crianças à cidade: circular com segurança, acessar equipamentos públicos e ocupar os espaços urbanos sem medo. Já com as idosas, o encontro foi uma oportunidade de resgatar sonhos, memórias e possibilidades de futuro, mesmo em um contexto marcado por desigualdades acumuladas ao longo da vida.
Ao olhar para essas histórias com respeito e cuidado, o voluntariado ajuda a romper o ciclo de invisibilidade, criando novas formas de reconhecimento e dignidade.
São José dos Pinhais (PR) – Cuidado com quem cuidou de todos
No dia 15 de novembro, em São José dos Pinhais, no Paraná, o Programa Aliados esteve na Casa São José, instituição que acolhe pessoas idosas. A ação contou com 32 voluntários e 17 convidados externos, beneficiando diretamente 27 idosos.
O dia foi dividido em ações complementares: atividades de convivência com os idosos, como bingo, “Dia da Beleza” e customização de ecobags; pintura de quartos masculinos e femininos; jardinagem e plantio de horta; além da preparação de um almoço coletivo com churrasco.
Quando voluntários se aproximam de pessoas com mais idade, reconhecem histórias de trabalho, cuidado e luta que muitas vezes foram vividas em contextos de grande desigualdade.
Oferecer um ambiente mais bonito, organizado e vivo – com quartos renovados, hortas plantadas e momentos de convivência alegre, é uma forma de dizer, na prática: “vocês importam, e seguimos juntos”. Essa mensagem, por si só, é um poderoso antídoto contra a exclusão e o isolamento, que também são faces da desigualdade social.
Taubaté (SP) – Porta aberta para o mundo do trabalho
Em 18 de novembro, em Taubaté, o grupo Aliados recebeu jovens da SOAPRO para uma experiência dentro da planta industrial do município. Vinte voluntários participaram da atividade, que beneficiou diretamente 33 jovens e 3 funcionários da organização.
Os jovens foram organizados em grupos para visitas guiadas pela fábrica e, na sequência, participaram de rodas de conversa sobre entrevista de emprego, soft skills e trajetórias profissionais reais.
Para quem está começando a desenhar seu futuro, entrar em uma fábrica, entender como funciona a produção, ouvir histórias de carreira e receber dicas práticas de empregabilidade pode ser um divisor de águas.
O voluntariado, nesse contexto, atua como um tradutor entre dois mundos: o do jovem que muitas vezes não sabe por onde começar e o do mercado de trabalho, que costuma parecer distante. Ao aproximar esses universos, o Programa Aliados contribui diretamente para a mobilidade social, ampliando as chances de inserção qualificada no mercado.
São Carlos (SP) – Conhecer, experimentar e imaginar possibilidades
No dia 27 de novembro, foi a vez de São Carlos abrir as portas da fábrica para adolescentes do Espaço Azul. Um grupo de 20 voluntários beneficiou diretamente 18 adolescentes e 4 terapeutas da instituição.
A programação incluiu deslocamento dos adolescentes até a planta, recepção com abertura e diálogo de segurança, visita guiada e um momento de encerramento com lanche.
Ao caminhar pelos corredores da indústria, observar tecnologias, conversar com profissionais e vivenciar um ambiente corporativo, esses adolescentes ampliam sua visão de mundo e podem, aos poucos, começar a se imaginar em trajetórias profissionais diversas.
A visita não é apenas um “tour”: é um convite para que cada um se veja como sujeito de direitos, capaz de ocupar espaços de estudo e trabalho para além das fronteiras do seu bairro.
São Bernardo do Campo (SP) – Infraestrutura que prepara o terreno para futuros encontros
Encerrando o mês, em 29 de novembro, o Aliados de São Bernardo do Campo colaborou com o Projeto Caridade, organização localizada em Ferrazópolis. Foram abertas 22 vagas para voluntários, em uma ação totalmente voltada à infraestrutura da OSC, sem beneficiados diretos no dia da atividade.
Os voluntários se dedicaram à pintura integral de espaços internos: duas salas administrativas, duas salas em diferentes andares e um corredor, em combinações de branco e cinza, de acordo com o planejamento da instituição.
Mesmo quando não há contato direto com o público atendido, o impacto social é real. Ao revitalizar o espaço físico, os voluntários ajudam a garantir que, nos dias seguintes, crianças, jovens, famílias e outros públicos encontrem um ambiente mais digno e acolhedor para participar de atividades formativas, culturais e de proteção social. É a base material que sustenta outras políticas e ações de mobilidade social.
O fio que costura todas essas histórias
Ao olhar para esse conjunto de ações, uma mensagem aparece com nitidez: voluntariado é muito mais do que “ajudar”. É reconhecer que a desigualdade social se expressa no acesso ao esporte, na qualidade dos espaços comunitários, na possibilidade de sonhar na velhice, na chance de compreender como funciona uma fábrica ou de enxergar um caminho para o primeiro emprego.
O Programa Aliados, ao articular colaboradores, organizações da sociedade civil e comunidades em diferentes cidades, contribui para:
- fortalecer equipamentos sociais nos territórios;
- ampliar repertórios culturais, esportivos e profissionais;
- criar redes de apoio intergeracionais;
- aproximar o mundo do trabalho de crianças, adolescentes e jovens;
- valorizar a autoestima e o protagonismo de populações historicamente invisibilizadas.
Cada voluntário que se dispõe a participar dessas ações dá um passo na direção de uma sociedade mais justa. E, ao voltar para casa, leva também perguntas, aprendizados e novas formas de enxergar o próprio papel no mundo.
No fim das contas, é isso que faz do voluntariado uma força tão potente para a mobilidade social: ele transforma tanto o território quanto o olhar de quem decide se envolver. E, quando muita gente passa a enxergar a desigualdade não como um “dado da realidade”, mas como algo que pode ser enfrentado em conjunto, a mudança deixa de ser apenas uma ideia e começa a acontecer, pouco a pouco, na prática.
Neste Dia Internacional do Voluntariado, queremos dizer MUITO OBRIGADO.