Qualificação profissional e mobilidade social: uma relação indissociável

O acesso ao conhecimento é vital para a emancipação socioeconômica das famílias, reforçando o protagonismo da qualificação profissional na jornada pela mobilidade social.

“Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo.” A frase de Paulo Freire resume de forma categórica o impacto da Educação: ela é peça-chave de toda uma engrenagem que impulsiona a mobilidade social — processo pelo qual indivíduos e grupos transitam entre diferentes posições socioeconômicas, subindo ou descendo na escala social.

Isso ocorre porque o acesso ao conhecimento está diretamente relacionado à inclusão produtiva, ao mundo do trabalho e ao aumento da renda. Em outras palavras, a Educação abre novos horizontes na vida das pessoas, permitindo que oportunidades antes inalcançáveis para suas famílias sejam acessadas em diferentes esferas — social, econômica, cultural, de saúde e bem-estar.

Sem Educação, sem oportunidades

A falta de acesso igualitário ao conhecimento gera um efeito cascata em comunidades inteiras. Um  levantamento do Instituto Cidades Sustentáveis, patrocinado pela Fundação Grupo Volkswagen, ilustra bem essa dinâmica.

A pesquisa revelou que 31% das 2 mil pessoas entrevistadas em 129 municípios precisam de trabalho extra para complementar sua renda. A maior parcela (8%) recorre a atividades de serviços gerais, como tarefas domésticas, o que evidencia a segregação social presente no mercado de trabalho e reflete a ausência de acesso a melhores oportunidades.

A pesquisa também revelou que a proporção que alcançou um nível de escolaridade maior do que seus pais é mais acentuada entre os mais instruídos (ensino médio ou superior). Quanto maior a renda, a classe social e o grau de instrução do brasileiro, maior é a proporção que conseguiu aumentar sua renda nos últimos 5 anos.

Esse contexto ganha maior gravidade ao constatar que, segundo a pesquisa, a redução da desigualdade estagnou de 2023 para 2024, um obstáculo que bloqueia o avanço da mobilidade social. Fica claro que o acesso à educação de qualidade, que leva a melhores oportunidades profissionais e econômicas, é fundamental para o enfrentamento das desigualdades que permeiam o cotidiano das pessoas, famílias e comunidades, fortalecendo a coesão social e o bem-estar coletivo.

Desigualdade social e seus efeitos

De acordo com o levantamento feito pela PNAD e PNADC Anual Harmonizadas (1976-2022), desigualdade social no Brasil começou a cair a partir de 2001, mas estagnou em 2014. Sem combate, essa desigualdade se torna epidêmica e, mesmo quando enfrentada com estratégias diversas — entre elas a Educação profissional —, demanda tempo para ser revertida.

Essa realidade reforça a urgência de iniciativas que ampliem o acesso à educação e promovam a inclusão produtiva.

Iniciativas da Fundação Grupo Volkswagen

Nesse cenário desafiador, o projeto Carretas do Conhecimento surge como uma resposta inovadora ao oferecer educação profissional acessível em escolas móveis. Com foco na empregabilidade e no empreendedorismo, essas unidades combinam teoria e prática para preparar profissionais de forma eficaz para o mundo do trabalho.

Atualmente, o projeto opera no Paraná, em parceria com o Governo do Estado, a Volkswagen do Brasil e o Senai-PR; e em São Paulo e Resende (RJ), em colaboração com o Senai-SP e a Firjan Senai Resende. Até o momento, 99 turmas foram formadas, com 9.664 horas de formação e 1.289 cursistas qualificados — todos em busca de uma oportunidade real de transformar suas vidas.

Além disso, a Fundação apoia o projeto CO.DE School: Academia de Programação e Desenvolvimento, que promove inclusão ao priorizar a capacitação de grupos historicamente excluídos, como mulheres, negros, indígenas, pessoas com deficiência e LGBTQIA+. Em parceria com a Firjan-Senai, esse projeto capacitou 73 alunos em 700 horas de programação, com 17 desses alunos sendo contratados por empresas parceiras.

Outro projeto de destaque é o Costurando o Futuro, que busca promover autonomia e empoderamento por meio da educação profissional em costura. Em 2023, 112 cursistas foram formados, impactando indiretamente 521 pessoas em três municípios, com um total de 456 horas de capacitação. Essas iniciativas, além de promover habilidades práticas, elevam a autoestima e dignidade dos participantes.

Compromisso com a transformação social

Sob o propósito de impulsionar a mobilidade social, a Fundação Grupo Volkswagen tem redefinido territórios prioritários de atuação, público-alvo e seu portfólio de projetos. Nos últimos 10 anos, foram investidos mais de R$ 100 milhões em iniciativas socioeducacionais no Brasil, com um aporte de R$ 16 milhões em 2024 para fortalecer o impacto nas comunidades onde empresas do Grupo Volkswagen atuam.

Acreditamos que a educação profissionalizante é inerente à mobilidade social, promovendo oportunidades e tornando o mundo do trabalho mais inclusivo e acessível para todos.