Entre os dias 11 e 14 de junho, a Fundação Grupo Volkswagen, em parceria com o CIEDS, promoveu mais um ciclo de oficinas presenciais do Projeto Tração, desta vez com o tema Ação em Rede. As atividades aconteceram nos três territórios prioritários do projeto: nas comunidades Alba e Sousa Dantas (zona sul da capital paulista), Montanhão (São Bernardo do Campo/SP) e nas Barras (em Resende/RJ).
As oficinas foram pensadas para estimular a colaboração entre lideranças comunitárias e organizações da sociedade civil de base. A proposta foi refletir coletivamente sobre os desafios enfrentados nos territórios, reconhecer suas potências e dar passos concretos para a construção de redes locais mais fortes, diversas e sustentáveis.
As atividades ocorreram nas seguintes datas e locais:
- 11/06: Alba (São Paulo), na Aldeia do Futuro
- 12/06: Montanhão (São Bernardo do Campo), na Associação Padre Léo Commissari
- 14/06: Barras (Resende/RJ), na unidade Firjan SENAI Resende
A oficina de Resende foi conduzida por José Claudio Barros, diretor de Programas e Projetos do CIEDS (Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável), organização parceira da Fundação Grupo Volkswagen na execução do projeto.
Metodologia na prática: escuta, construção coletiva e articulação em rede
Cada oficina foi dividida em três momentos principais, com uma metodologia baseada na escuta ativa, troca de experiências e planejamento colaborativo:
- Acolhida e mapeamento da rede: Cada participante se apresentou e posicionou sua organização em um mapa do território, escolhendo também uma palavra para representar sua atuação ou expectativa. O exercício proporcionou uma visão ampla da diversidade de iniciativas locais e reforçou os laços entre os presentes.
- Reflexão sobre redes e seus desafios: O grupo refletiu sobre o que significa atuar em rede, destacando ganhos como fortalecimento da confiança, troca de recursos, maior alcance e visibilidade. Também foram discutidos os obstáculos, como baixa participação e dificuldades de alinhamento. Em conjunto, os participantes mapearam novos atores que poderiam integrar as redes locais — como CRAS, UBSs, escolas, empresas e serviços públicos.
- Planejamento coletivo: Na etapa final, os grupos identificaram causas prioritárias, definiram propostas de ações conjuntas e traçaram compromissos para os próximos meses. Também foi acordada uma agenda inicial de encontros para consolidar a rede em cada território.
Diagnóstico que revela potencial e desafios
Desde o início do ciclo atual, o Projeto Tração realizou um diagnóstico organizacional abrangente, mapeando 66 organizações da sociedade civil nos três territórios. Dessas, 59 participaram da pesquisa. A maioria é composta por associações de moradores, coletivos culturais, projetos esportivos e grupos religiosos, com histórico de atuação comunitária e engajamento local.
O levantamento mostrou que 60% das organizações atuam há mais de 10 anos, demonstrando consistência e enraizamento nos territórios. Apesar disso, 46% dependem exclusivamente de trabalho voluntário, e apenas 17% acessam recursos públicos via editais. A regularização jurídica e a sustentabilidade financeira ainda são desafios relevantes para muitas delas.
Sobre o Projeto Tração
Criado pela Fundação Grupo Volkswagen, com gestão técnica do CIEDS, o Projeto Tração busca fortalecer as capacidades institucionais de organizações da sociedade civil que atuam em comunidades periféricas. A estratégia é promover impacto coletivo por meio do desenvolvimento local, da atuação em rede e da ampliação da sustentabilidade das iniciativas comunitárias.
Entre as principais ações do projeto estão:
- Diagnóstico do perfil e maturidade das OSCs;
- Formações e mentorias em temas como gestão, elaboração de projetos e redes;
- Apoio financeiro por meio do Fundo Tração, destinado a regularização e fortalecimento institucional;
- Estímulo à articulação em rede e à participação em Conselhos Municipais de Direitos.
Com atuação prevista até dezembro de 2025, o Projeto Tração encontra-se em processo de redesenho para seu próximo ciclo, com o objetivo de ampliar sua contribuição para o desenvolvimento dos territórios onde a Fundação atua e promover soluções estruturantes que gerem mobilidade social real e duradoura.
