Mês da Filantropia Negra 2024: Salvador recebe evento promovido pelo GIFE

Com o tema "Futuros da Filantropia Negra — uma homenagem a Martin Luther King e NêgoBispo”, encontro ocorre dia 8 de agosto com presença de especialistas brasileiros emequidade racial

A atmosfera da capital baiana foi escolhida para a abertura oficial do Mês da Filantropia Negra
2024, realizada anualmente pelo GIFE – Grupo de Institutos, Fundações e Empresas, referência em
fortalecimento da filantropia e do investimento social privado (ISP). Esta edição do encontro
acontece em Salvador (BA), no próximo dia 8 de agosto, e tem como tema “Futuros da Filantropia
Negra — uma homenagem a Martin Luther King e Nêgo Bispo
”. Com enfoque no afrofuturismo,
especialistas em equidade racial vão apresentar reflexões e propostas de ações voltadas a
impulsionar o papel das organizações negras e o potencial das iniciativas de doação e finanças
comunitárias.
“O encontro deste ano, além de reconhecer a filantropia negra como uma prática ancestral,
também a vislumbra como caminho para um futuro mais equitativo e justo”, enfatiza o
secretário-geral do GIFE, Cassio França. Três eixos principais nortearão o dia de debates: ações
para impulsionar o futuro da doação negra nos próximos anos; as implicações para a filantropia
na promoção de um futuro equitativo; e os fatores que promovem o bem-viver, a equidade e a
justiça.
“A inspiração no afrofuturismo tem o propósito de estimular a cocriação de um futuro mais
próspero para as comunidades e organizações negras”, explica a coordenadora de Projetos do
GIFE, Thaís Nascimento. “O objetivo é contribuirmos para a ampliação das possibilidades das
doações negras e das finanças comunitárias em escala global”, acrescenta.
A realização do encontro em Salvador integra as iniciativas do GIFE de descentralizar as reflexões
sobre o investimento social privado. Pretende, ainda, envolver não só ativistas negros, mas
principalmente aliados brancos antirracistas na conscientização, corresponsabilização e
participação efetiva na filantropia direcionada a beneficiar comunidades negras.
“Os princípios de Nêgo Bispo na defesa de estratégias de longo prazo e o legado de Martin Luther
King sobre justiça social e igualdade econômica inspiram e reforçam a necessidade de se abordar
a interseção entre justiça social e ambiental nas práticas filantrópicas”, ressalta Thaís
Nascimento. “Esta filantropia busca desconstruir padrões coloniais, o que pode contribuir para a
criação de um amanhã melhor às comunidades negras, à sociedade e ao planeta”, completa.
Representantes de renomadas instituições que atuam em equidade racial — Instituto Rainhas do
Mar, Irmandades Baianas, Instituto Odara, Escola Luisa Mahin e Observatório da Branquitude —
conduzirão os debates.

O Mês da Filantropia Negra — “Black Philanthropy Month (BPM)”, na sigla em inglês — é um
movimento mundial que acontece há 23 anos, todo mês de agosto, envolvendo cerca de 60
países. O BPM foi criado pela cientista social e porta-voz em equidade racial Jacqueline
Copeland, que ano passado esteve pela primeira vez no Brasil para a abertura oficial da edição
2023 do Mês da Filantropia Negra no país, promovida pelo GIFE.
O Mês da Filantropia Negra 2024 tem realização do The WISE Fund e do GIFE, com apoio da
Fundação Grupo Volkswagen, Aegea Saneamento, Imaginable Futures, Instituto C&A, B3 Social e
Fundação Maria Emília.


SERVIÇO
Mês da Filantropia Negra 2024 – Futuros da Filantropia Negra
8 de Agosto, a partir das 9h
Espaço Cultural da Barroquinha, em Salvador (BA)
Inscrições gratuitas abertas no link. As atividades presenciais têm vagas limitadas, mas é
possível acompanhar os debates online.
Confira a programação completa no site.

SOBRE
O GIFE – Grupo de Institutos, Fundações e Empresas – é uma associação de investidores sociais
privados, entre empresas, institutos, fundações e fundos familiares, corporativos ou
independentes. Atualmente, conta com uma rede de mais de 170 associados que, somados,
aportaram R$ 4.8 bilhões em investimento social no ano de 2022, segundo dados do Censo GIFE.
Há quase 30 anos, o GIFE articula e fortalece o campo da filantropia e do investimento social
privado no Brasil, contribuindo para que a mobilização de recursos privados para fins públicos
seja mais ampla e efetiva.
EQUIDADE — O Censo GIFE mostra, entre outros dados, que os conselhos deliberativos de
instituições da filantropia e do ISP estão pouco diversos. Quanto ao recorte racial, o levantamento
alerta: 3/4 (74%) das organizações não têm negros ou indígenas no conselho deliberativo.
“Dada a capacidade de mobilização de recursos da filantropia em contribuição à esfera pública, é
premente que as instituições que promovem investimento social privado se comprometam a
garantir a presença de diferentes grupos em seus conselhos e estruturas de governança para que
as tomadas de decisão tenham, de fato, a participação desses atores diversos”, defende Cassio
França, secretário-geral do GIFE.