Novo episódio do videocast Vida em Movimento traz reflexões urgentes sobre os impactos desiguais da crise climática no Brasil
A crise climática já está entre nós, e seus efeitos não são sentidos de forma igualitária. Enquanto os países e grupos mais ricos lideram as emissões de gases de efeito estufa, são as populações mais pobres, negras, indígenas e periféricas que vivem na linha de frente dessa emergência.
Este é o ponto de partida do novo episódio do Vida em Movimento, videocast da Fundação Grupo Volkswagen, que traz como tema Justiça Climática e Desigualdade Social.
Apresentado pela jornalista Flávia Oshima, o episódio reúne dois especialistas para esse debate: Jorge Abraão, presidente do Instituto Cidades Sustentáveis, e Andreia Marques, conselheira da Fundação Grupo Volkswagen. Juntos, eles ajudam a entender por que as soluções climáticas precisam, urgentemente, andar de mãos dadas com as soluções sociais.
“Justiça climática significa reconhecer que as populações mais afetadas pelas mudanças climáticas são justamente as que menos contribuíram para o problema”, afirma Andreia.
Ela relembra que comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas, negras e empobrecidas são impactadas não apenas por desastres naturais, mas também pela destruição de seus modos de vida.
“Secas extremas, enchentes, calor insuportável, insegurança alimentar, perda de renda e moradia precária atingem essas pessoas com força. E, muitas vezes, elas não estão incluídas nas decisões sobre os próprios territórios”, completa.
Cidades, desigualdades e escolhas políticas
Jorge Abraão destaca que, em um país como o Brasil , onde mais de 90% da população vive em áreas urbana, é nas cidades que os efeitos da crise se materializam de forma mais visível. Enchentes, ilhas de calor e deslizamentos são exemplos disso
“Quase 90% dos municípios brasileiros entraram em estado de emergência nos últimos dez anos. Isso mostra o tamanho da urgência. E mesmo assim, muitas vezes, prefeitos preferem investir em pavimentação do que em prevenção de riscos”, ressalta.
Para ele, a priorização orçamentária reflete o grau de consciência (ou a falta dela) sobre os riscos que vivemos. “A cidade do futuro precisa ser mais esponjosa, não mais concreta. Precisamos de uma nova lógica de urbanização, com foco na mitigação e adaptação”.
Infraestrutura, saúde e acesso: o entrelaçamento da crise
Andreia também lembra que a emergência climática agrava as desigualdades já existentes em áreas como saúde, moradia, educação e mobilidade. “As populações vulnerabilizadas são as que vivem mais longe dos centros, têm menor acesso à saúde e dependem de transportes precários. Estão mais expostas a doenças, a condições climáticas extremas e a empregos informais que não oferecem proteção.”
Ela reforça que cidades de todos os tamanhos precisam adotar políticas de gestão de risco climático o quanto antes. “Hoje, boa parte das prefeituras nem sabe por onde começar. Mas esse movimento precisa acontecer já. É uma questão de vida e morte, literalmente.”
Uma transição verde que não deixe ninguém para trás
Ao longo do episódio, os especialistas enfatizam a importância de uma transição ecológica que seja justa, participativa e inclusiva. Isso significa direcionar recursos, políticas públicas e soluções concretas para quem mais precisa. “Não basta combater a crise ambiental se, no caminho, reproduzirmos as injustiças que ela deveria combater”, conclui Andreia.
A conversa é um convite a refletir, agir e transformar. Não apenas como indivíduos, mas como sociedade. Para garantir que o Brasil avance rumo a um futuro sustentável e, acima de tudo, mais justo para todos.
Assista agora ao novo episódio do videocast Vida em Movimento neste link: https://youtu.be/wdcSVYr9Y9Q