Vida em Movimento: novo episódio do Videocast debate os Caminhos para a Inclusão Produtiva no Brasil

Maria Ruanes, da FGVW, e Nathália Di Ciero, da Fundação Arymax, discutem como garantir oportunidades reais e dignas de geração de renda e mobilidade social

Como construir um Brasil mais justo, onde todas as pessoas tenham a chance de definir seus próprios caminhos com dignidade? Esse foi o ponto de partida do segundo episódio da quinta temporada do Vida em Movimento, videocast produzido pela Fundação Grupo Volkswagen. No centro da conversa, a inclusão produtiva — entendida não apenas como acesso à renda, mas como um processo amplo de valorização da vida, do trabalho e do território.

Mediado pela jornalista Flávia Yuri Oshima, o episódio contou com duas convidadas com forte atuação na área: Maria Ruanes, analista de Responsabilidade Social da Fundação Grupo Volkswagen, e Nathália Di Ciero Leme, gerente de Programas e Parcerias da Fundação Arymax.


Muito além do emprego

Durante a conversa, as especialistas defenderam que a inclusão produtiva vai muito além de simplesmente inserir alguém no mercado de trabalho. Trata-se de um conjunto de garantias: tempo para estudar, apoio psicossocial, segurança alimentar, acesso à saúde, moradia digna e reconhecimento das vivências periféricas como um ativo profissional.

“Não basta contratar”, disse Maria. “É preciso garantir permanência com dignidade e possibilidade de crescimento. Um ambiente de trabalho seguro, onde a experiência de vida das pessoas — especialmente aquelas das periferias — seja valorizada, é fundamental.”

Ela destacou ainda que o tempo para estudar é um privilégio no Brasil. “Muitas vezes, trabalhar vem antes do sonho. Por isso, nossos programas oferecem bolsa, apoio psicológico, trilha formativa e tempo. Para que os jovens consigam, de fato, construir um projeto de vida com mais tranquilidade.”


A realidade por trás dos números

Nathália reforçou a importância de considerar raça, gênero e território na construção de políticas públicas voltadas à geração de renda. Dados do IBGE mostram que as mulheres negras lideram as estatísticas de pobreza no Brasil e enfrentam barreiras mais altas para acessar crédito, formação e emprego formal.

“Se queremos incluir, precisamos escutar quem vive essas realidades todos os dias. A inclusão produtiva começa pelo reconhecimento dessas desigualdades estruturais”, afirmou.


Quando uma pessoa sobe, muitos sobem junto

Ambas lembraram que mobilidade social não é um processo individual. “Quando uma jovem mulher negra entra numa faculdade, ela leva junto sua família, seu território, sua comunidade. A mobilidade é coletiva”, resumiu Maria, em uma fala que sintetiza o compromisso da Fundação com a transformação de longo prazo.


Práticas que inspiram

As convidadas também compartilharam experiências práticas das organizações que representam. Maria destacou o Projeto Autonomia, da FGVW em parceria com a Associação Padre Leo Commissari, que oferece formação técnica, bolsa e acompanhamento para jovens da periferia de São Bernardo do Campo (SP).

Outro destaque foi o Mente de Vaga, estratégia que prepara jovens para o mercado, mas também atua junto às empresas, promovendo ambientes mais receptivos e inclusivos.

“Não é só sobre preparar o jovem para trabalhar. É sobre preparar a empresa para receber esse jovem com respeito, com oportunidades reais de crescimento”, explicou Maria.

Nathália, por sua vez, reforçou a necessidade de conectar essas iniciativas a uma agenda mais ampla de justiça social. “É preciso investir mais e melhor, em ações que dialoguem com políticas públicas de todas as esferas governamentais, empresas e sociedade civil. Inclusão produtiva é um direito.”


Assista e reflita

O Vida em Movimento é um espaço de escuta, reflexão e compartilhamento de práticas que contribuem para a mobilidade social e o fortalecimento de capacidades locais em todo o Brasil.