Como o investimento social privado pode realmente transformar vidas? Quais são as estratégias que fazem a diferença nas comunidades e ajudam a reduzir desigualdades? Para responder a essas perguntas, a Fundação Grupo Volkswagen reuniu especialistas de diversas áreas para uma mesa redonda inspiradora. Parte das comemorações de seus 45 anos, o evento ocorreu no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, e contou com a participação de cerca de 200 pessoas.
A mobilidade social – a nova causa prioritária da Fundação – foi o centro dos debates, com temas como investimento social, inclusão produtiva e diversidade. A tarde foi enriquecida por palestras e discussões que trouxeram visões práticas e estratégicas para que o setor privado atue de forma mais efetiva no desenvolvimento social.
Mediada por Vitor Hugo Neia, Diretor-Geral da Fundação Grupo Volkswagen, a mesa redonda contou com a presença de Paula Fabiani, CEO do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS); Raphael Mayer, fundador da Simbi; e Paulina Christov, gerente da organização social Vocação. Juntos, eles compartilharam experiências e ideias para tornar o investimento social mais relevante e alinhado com as necessidades das comunidades.
O Impacto do investimento nas organizações de base comunitária
No Brasil, a “filantropia corporativa” tem crescido, mas desafios persistem. De acordo com o GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas), muitas organizações sociais operam com recursos limitados – a maioria com menos de R$ 5 mil anuais. Esse cenário destaca a importância de uma aproximação mais profunda entre a agenda social das empresas e as reais necessidades da sociedade.
Paula Fabiani destacou que, embora as doações corporativas e pessoais alcancem números expressivos, o impacto seria maior se os projetos fossem moldados de acordo com a realidade local. “Apoiamos um curso de costura para mulheres de uma região, mas depois percebemos que a maioria delas não podia trabalhar fora de casa por conta dos filhos. Então, reestruturamos o projeto para que elas pudessem produzir em casa, com suporte para a venda dos produtos”, relatou Paula, exemplificando como o diálogo com a comunidade é essencial para que as iniciativas realmente promovam a mobilidade social.
Raphael Mayer abordou a importância de uma visão integrada na alocação de recursos. “Não adianta equipar uma sala de aula com tecnologia de ponta se as crianças não têm suas necessidades básicas atendidas, como alimentação e transporte. Precisamos alocar recursos com maturidade, considerando a complexidade do contexto social”, enfatizou.
Planejamento de longo prazo para crescimento sustentável
Paulina Christov trouxe à discussão o valor de um planejamento estratégico que permita crescimento sustentável. Ela pontuou que muitas organizações sociais focam em resolver problemas imediatos e acabam perdendo de vista seu potencial de longo prazo. Paulina sugeriu a criação de conselhos consultivos com especialistas de áreas diversas, para oferecer orientações que ajudem as organizações a se expandirem e se tornarem agentes transformadores em suas comunidades.
Incentivos fiscais como ferramenta de transformação social
Os incentivos fiscais são uma ferramenta poderosa para impulsionar a atuação social das empresas. Raphael Mayer destacou que, antes de tudo, as empresas precisam definir com clareza o impacto que desejam promover. No Brasil, leis que incentivam doações para áreas como saúde, cultura e direitos das crianças permitem que as empresas reduzam até 100% do imposto de renda, facilitando investimentos sociais significativos.
Para Raphael, quando os projetos sociais estão alinhados com a estratégia de negócios da empresa, eles são mais resilientes e menos propensos a cortes em momentos de crise. “O investimento social precisa estar atrelado ao propósito da empresa para se sustentar ao longo do tempo”, afirmou.
Essa discussão riquíssima, nos mostrou que o investimento social privado tem o potencial de transformar vidas e promover a mobilidade social quando guiado por uma estratégia alinhada com as necessidades das comunidades. As empresas que compreendem essa responsabilidade e desenvolvem projetos em sintonia com as demandas da sociedade se tornam agentes de mudanças profundas.
E se você quer se aprofundar ainda mais, assista ao debate completo: Mesa redonda – Como o investimento social privado pode impulsionar a mobilidade social no Brasil e no mundo?