Ontem, 17 de junho, foi dia de celebrar. A formatura da segunda turma do Projeto Autonomia, no território do Montanhão, em São Bernardo do Campo (SP), marcou não apenas o encerramento de uma etapa, mas o início de uma nova caminhada para 32 jovens entre 16 e 21 anos. Com direito a falas emocionadas, sorrisos largos e muitos planos para o futuro, o evento foi mais um marco da atuação da Fundação Grupo Volkswagen em parceria com a Associação Padre Leo Commissari.
A cerimônia contou com a presença do Diretor-Geral da Fundação, Vitor Hugo Neia, e da Primeira-Dama e Presidente do Fundo Social de Solidariedade de São Bernardo, Zana Lima, que também foi paraninfa dos formandos.
Um projeto que transforma o presente e constrói o futuro
Durante a cerimônia, Neia relembrou que a Fundação atuou, durante décadas, em diversas regiões do Brasil. Mas que no bairro Montanhão não havia projetos sociais estruturados, mesmo estando a poucos metros da fábrica da Volkswagen do Brasil. Isso mudou quando ele foi procurado pela irmã Daniela, da associação local.
“A irmã Daniela fez com que a gente olhasse para o lado. A Fundação estava aqui do outro lado da avenida há quase 45 anos e nunca tinha feito nada aqui. Desde então, mudamos nossa estratégia, colocamos a mobilidade social como causa prioritária e passamos a atuar nos territórios”, contou Vitor.
Hoje, o Projeto Autonomia faz parte de uma trilha mais ampla criada pela Fundação. A formação dos jovens inclui cursos de Informática e Assistente Administrativo, com 160 horas cada, bolsa-auxílio mensal e atividades sobre cidadania, ética, orientação profissional e projeto de vida. Mas a jornada não termina com a formatura.
O próximo passo já começou
Como explicou a analista de responsabilidade social Maria Ruanes, o projeto foi pensado como um ciclo contínuo de desenvolvimento. A turma que acaba de se formar agora segue para a próxima etapa: o curso Start CO.DE, em parceria com o SENAI São Caetano, com foco em tecnologia da informação.
“A ideia é construir a trajetória junto com os educadores e formadores. Não é apenas oferecer um curso, mas abrir caminhos reais”, destacou Maria.
Maria, que criou a trilha do projeto, emocionou os presentes ao falar sobre sua própria história. “A gente que é da periferia não cresce sozinho. Quando um sobe, vários sobem junto. Apostar em vocês é apostar na mobilidade do território inteiro.” Ela reforçou que o Autonomia foi pensado para dar tranquilidade para os jovens estudarem e sonharem, rompendo com as barreiras impostas por cor, gênero ou origem. “A bolsa é uma forma de garantir esse tempo para estudar com dignidade.”
Maria também compartilhou sua própria trajetória, lembrando que projetos sociais transformaram sua vida. “Eu entrei no ensino superior por meio de um projeto social em Nova Iguaçu, no Rio. Isso mudou minha vida e a da minha comunidade. É isso que esperamos que aconteça com vocês. Vocês não crescem sozinhos.”
Mais três anos e meio
Vitor anunciou que os jovens continuarão recebendo bolsa, terão aulas de reforço em português e matemática, acompanhamento psicossocial e, a partir do próximo semestre, aulas de inglês. A formação técnica terá dois semestres: front-end e back-end, com direito a módulos de inteligência artificial, marketing digital, Power BI, entre outros.
E as possibilidades vão além: os alunos poderão optar entre ingressar no mercado de trabalho com apoio da Fundação (consultorias, preparação para entrevistas, vagas) ou seguir para o ensino superior. Quem decidir continuar os estudos, poderá disputar bolsas integrais em cursos de Tecnólogo em Ciências de Dados, também no SENAI.
“A autonomia que vocês conquistaram aqui vai levar vocês muito mais longe. E a Fundação estará ao lado de quem quiser continuar”, garantiu Vitor.
Já Zana Lima ressaltou a importância de os jovens ouvirem os conselhos dos mais velhos e como essa escuta é imprescindível para a formação de caráter. “Os mais novos têm a mania de achar que os pais não sabem nada. Eu também era assim. Mas, na verdade, os mais velhos falam porque já viveram tudo isso e já tropeçaram muito. Por isso, escutem. Vocês têm mais três anos e meio pela frente e, a partir de agora, poderão ter uma vida diferente, melhor!”
Resultados já são visíveis
Emocionada, a diarista Valquíria Rodrigues, mãe do Kaique, um dos formandos, disse que o Projeto Autonomia mudou seu filho, e fez com que ele amadurecesse e “quisesse ser alguém”.
“Antes ele só queria jogar bola. Mais nada. Hoje, ele é outro menino: quer estudar, tirar carteira, fazer faculdade. E isso tudo em quatro meses. Este projeto trouxe esperança para o Kaique e para toda a nossa família. Estou muito orgulhosa. Sou a mãe mais feliz do mundo”, contou emocionada.
O pintor Sérgio Brito, pai do Carlos Henrique, afirmou que graças ao Projeto Autonomia o filho pegou gosto pelos estudos, está mais confiante e vai poder ir para faculdade. “Para nós, que somos da comunidade, ir para a faculdade era um sonho muito distante porque não temos dinheiro para pagar o estudo para os filhos. Saber que o Carlos vai ter essa oportunidade é uma alegria imensa. Estou muito feliz, muito mesmo”. Este sentimento se repetiu em vários depoimentos.
Os adolescentes, por sua vez, não veem a hora de iniciar a próxima etapa. Para eles, o Autonomia abriu horizontes. “Antes eu não sabia o caminho, agora eu estou traçando”, disse Saulo Jacinto, 17 anos, que descobriu no Autonomia a possibilidade de seguir o sonho de ser designer automotivo. “O curso de tecnologia vai me ajudar muito nisso”.
Samuel Ribeiro, 17 anos, já empreende. Ele abriu uma loja de importações e uma marca própria de roupas, ambas para vendas online. “O primeiro salário do curso virou investimento. Agora tenho tempo, estrutura e apoio para fazer o sonho acontecer. e crescer”.
Sobre o Projeto Autonomia
O Projeto Autonomia é uma iniciativa da Fundação Grupo Volkswagen, em parceria com a Associação Padre Leo Commissari, que atende jovens moradores da região do Montanhão — um território periférico com altos índices de vulnerabilidade social, onde faltam oportunidades de acesso à cultura, esporte e qualificação profissional.
O projeto dá prioridade a negros, pardos, mulheres, pessoas com deficiência e pessoas LGBTQIAPN+, promovendo inclusão, equidade e mobilidade social. Mais do que oferecer formação, o Autonomia abre portas para que os jovens protagonizem suas histórias.









