Vida em Movimento – T2:E2 – Mobilidade Urbana

A mobilidade urbana pode ser entendida com as diferentes formas de as pessoas se locomoverem pelos espaços urbanos. Mas ela é mais do que ir e vir nas cidades. À causa estão vinculados princípios universais como acesso e acessibilidade, desenvolvimento sustentável, inclusão, segurança viária e cidadania, por exemplo. Não importa como você trafega por sua cidade, a mobilidade urbana diz respeito a cada um de nós, e nesse sentido, a Fundação Grupo Volkswagen trabalha para incentivar o protagonismo comunitário, em busca da construção ativa das cidades que todos queremos. Confira episódio do Vida em Movimento dedicado a essa “personagem” tão importante. O programa também traz um bate papo com Gabriela Callejas, co-fundadora e diretora da ONG Cidade Ativa, a mais nova parceira da Fundação nessa causa.
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Vinheta de abertura 

Fundo musical

Renata Pifer: Olá a todos e todas, bem-vindos à segunda temporada do vida em movimento, o podcast da Fundação Grupo Volkswagen. eu sou Renata Pifer.

Ludmila Vilar: E eu sou Ludmila Vilar

Renata Pifer: Neste segundo episódio vamos falar de uma personagem que faz parte da vida de todos nós, mas que talvez algumas pessoas não conheçam tão bem: a mobilidade urbana.

Renata Pifer: Um conceito bastante discutido, quando falamos em políticas públicas que envolvem o planejamento das cidades. A mobilidade urbana pode ser entendida com as diferentes formas de as pessoas se locomoverem pelos espaços urbanos. Mas ela é mais do que ir e vir nas cidades. À causa estão vinculados princípios universais como acesso e acessibilidade, desenvolvimento sustentável, inclusão, segurança viária e cidadania, por exemplo.

Renata Pifer: Em carros particulares, transporte coletivo, de moto, bicicleta ou até mesmo a pé – sim! andar a pé também é um meio de transporte. Não importa como você trafega por sua cidade, a mobilidade urbana diz respeito a cada um de nós, e nesse sentido, a Fundação Grupo Volkswagen trabalha para incentivar o protagonismo comunitário, em busca da construção ativa das cidades que todos queremos.

Ludmila Vilar: E por que ela é tão importante? Porque ela tem muita influência na nossa qualidade de vida. Desde quando falamos de trânsito – e o estresse que ele causa – até quando falamos da nossa relação com os espaços públicos e do próprio direito de ir e vir. Todos esses aspectos são, digamos, traços da personalidade de nossa personagem de hoje.

Ludmila Vilar: Seu nascimento está diretamente ligado ao processo de urbanização das cidades, que começou a acontecer aqui no brasil quando chegaram as primeiras grandes indústrias, em meados da década de 1930. Então, mobilidade urbana, urbanização e industrialização têm tudo a ver no nosso caso.

Renata Pifer: Estamos então na década de 1930. era por meio da música que o brasil afirmava sua identidade nacional no mundo, com Carmen Miranda (portuguesa de nascimento, mas brasileiríssima em seus balangandãs) representando quase que um projeto político nas rádios e no cinema.

Renata Pifer: Na política, em 3 de novembro de 1930, Getúlio Vargas assumia a chefia de um chamado “Governo Provisório”, marcando o fim da República Velha no Brasil.

Renata Pifer: Foi nessa década também que o futebol passou a reforçar o clima de afirmação que se vivia se tornando  um esporte nacional graças à performance da seleção nas copas do mundo.

Ludmila Vilar: Em 14 de junho de 1938, o Brasil ganhou da então Checoslováquia por 2 a 1, e foi para a semifinal realizada na França. Bancos e comércios promoveram campanhas de doações para os jogadores, e agências de viagens organizavam excursões para a França. O atacante Leônidas da Silva se tornava um herói, e ficou conhecido como Diamante Negro ou Homem de Borracha.

Ludmila Vilar: E além do futebol e da Carmem Miranda, quem fazia muito sucesso nessa época também eram os bondes, que dominavam o transporte em cidades como o Rio de Janeiro e São Paulo. A capital paulista chegou a ter 160 km de trilhos nessa década, quase o dobro do que existe de malha metroviária hoje.

Ludmila Vilar: O que não quer dizer que os carros particulares não faziam parte do cenário. Mesmo que a largada para que nossas ruas e estradas fossem ocupadas por esses veículos só tenha sido dada com o fim da segunda guerra mundial, em 1945, o processo de urbanização por aqui, nos anos de 1930, já incluía modelos produzidos pelas primeiras montadoras estrangeiras que chegavam.

Renata Pifer: Com o desenvolvimento da indústria, associado ao êxodo rural, as cidades brasileiras cresceram assustadoramente. para comparar, a taxa de população vivendo nas zonas rurais no início do século 20 era de 65%, já nas zonas urbanas era de 35%. No fim do mesmo século, a população urbana já era de 80%, contra 20% da população rural.

Renata Pifer: O planejamento urbano e a evolução dos meios de transportes coletivos nas grandes cidades brasileiras, não acompanharam esse rápido crescimento urbano. E podemos dizer que, já nessa época, surgiam os primeiros problemas de mobilidade urbana no Brasil.

Renata Pifer: Entre as soluções apontadas por especialistas, estão medidas que têm em comum, colocar o cidadão no centro dessa lógica. Afinal, uma cidade que funciona, é aquela feita por e para as pessoas.

Renata Pifer: E como isso seria na prática? Poderíamos começar, por exemplo, por incentivar mais projetos voltados à educação para o trânsito, promover a mobilidade ativa, pensarmos em cidades inteligentes, inclusivas acessíveis e sustentáveis e fazermos um uso responsável  dos espaços públicos. É nisso que a Fundação Grupo Volkswagen acredita.

Ludmila Vilar: Uma coisa importante de a gente pensar quando fala de mobilidade urbana é que ela não é excludente. Ao contrário, preza pela diversidade. no caso aqui, pela diversidade dos chamados modais.

Ludmila Vilar: Modais são todos os meios de transportes, para pessoas e cargas que podem coexistir nos espaços urbanos. Eles podem ser rodoviários, aeroviários, hidroviários, ferroviários ou dutoviários. Nossa personagem da vez, pode ser melhor entendida, quando exploramos dois deles: os rodoviários (sobre rodas) e os ferroviários (sobre trilhos) – e claro que também temos o andar a pé, mas vamos falar disso mais para a frente.

Ludmila Vilar: Dentro deles, temos ainda mais uma divisão: os transportes individuais (a pé, bicicletas, motocicletas ou carros) e os coletivos (ônibus, metrô, trem).

Renata Pifer: E para nos ajudar a seguir com nossa história sobre mobilidade urbana, convidamos para participar desse papo com a gente a Gabriela Callejas, co-fundadora e diretora da ONG Cidade Ativa.  a Cidade Ativa é mais nova parceira da Fundação Grupo Volkswagen na causa da mobilidade urbana.

Renata Pifer: Olá, Gabriela, seja bem-vinda, obrigada por estar conosco aqui no vida em movimento.

Gabriela Callejas: Obrigada Renata, obrigada a vocês pelo convite. É um prazer tá aqui com vocês hoje.

Renata Pifer: Para começarmos, você poderia comentar o que representa essa parceria da Cidade Ativa com a Fundação?

Gabriela Callejas: Pra gente é uma grande alegria ter vocês como  nosso parceiro esse ano. Primeiro faz a gente perceber que a gente não está sozinha nessa luta por uma mobilidade mais sustentável. Essa parceria mostra pra gente que tem organizações de diversos setores que estão colaborando, trabalhando juntas para um futuro mais sustentável. E não poderia ser de outra maneira na verdade. A gente entende que cada um tem o seu papel nessa transformação tão necessária.

Renata Pifer: Uma das coisas que é importante colocar, quando falamos de mobilidade urbana, é que ela não prevê a extinção de nenhum modal. A ideia é uma coexistência mais equilibrada entre eles. Pode comentar um pouco sobre esse aspecto?

Gabriela Callejas: Para nós na Cidade Ativa quando a gente fala de mobilidade urbana a gente não está falando só dos modais, dos meios de transportes, desses meios de deslocamentos de pessoas e bens no território. A gente tá falando dessa capacidade das pessoas de acessarem a cidade, de acessarem os espaços e serviços. A gente tá falando da  qualidade com o que esses deslocamentos podem ser feitos. A gente tá colocando em pauta essa experiência da pessoa nesse movimento.

Renata Pifer: Como você definiria, dentro da mobilidade urbana, o papel da chamada mobilidade ativa?

Gabriela Callejas: Só para esclarecer, a mobilidade ativa é essa mobilidade que a gente faz com a energia do próprio corpo. Então aqui a ideia é queimar calorias ao invés de queimar combustível ou de usar energia. Então, é tudo que realmente usa a força humana, seja a pé, de bicicleta, um patinete, um skate, patins. Bom eu sou uma superdefensora ativista da mobilidade ativa, então pra mim ela é uma peça chave dessa mobilidade sustentável, dessa mobilidade de futuro e até da forma da cidade como um todo no futuro. Essa mobilidade ativa, como ela usa essa energia do ser humano, se a gente for pensar ela é a mobilidade mais acessível, mesmo que esteja usando algum dispositivo como a bengala, uma cadeira de rodas, quase todas as pessoas são capazes de se deslocar de forma ativa. Ela não depende de uma compra de passagem, de ter um carro. Pra gente ela realmente é a forma mais democrática de você se deslocar pela cidade, e ao mesmo tempo ela é a mais saudável, porque você está ali fazendo a sua atividade física do dia. Ela também é muito eficiente porque no final é isso: a gente não tá consumindo energia, a gente também não tá gerando poluentes. A mobilidade ativa realmente contribui assim para esse futuro que a gente precisa, que é um futuro com menos emissões.

Renata Pifer: E no caso da mobilidade urbana, como as pessoas podem se tornar protagonistas na transformação e melhoria das cidades em que vivemos?

Gabriela Callejas: Na verdade, tem esse primeiro passo que é de sensibilização, que é de entender que mobilidade, que quando a gente fala de mobilidade urbana a gente tá falando de todo mundo. Alguma medida todo mundo se desloca para fazer alguma atividade na cidade, em algum dia da semana pelo menos. Então isso impacta a vida de todos nós e reconhecer isso é um primeiro passo e reconhecer também então quais são as escolhas que a gente faz também é muito importante. Como é moldado esse nosso estilo de vida, né? Quais escolhas a gente faz, quais opções a gente tem? Então, entender quais são os nossos direitos, mas também o nosso dever de participar ativamente dos projetos e da política pública. Especialmente aqui no nosso bairro que é algo mais próximo, mais familiar. Então entender quais são esses espaços de articulação com o poder público, onde que eu posso fazer minha reivindicação, qual que é o canal de comunicação para reclamar de uma calçada que falta ou de um cruzamento perigoso. Será que tem algum lugar que eu possa opinar sobre alguma política que está sendo desenvolvida? Audiências públicas, comissões de câmaras temáticas… Acho que tem muitos espaços que a gente possa começar a ocupar aos pouquinhos para poder reivindicar essas mudanças. E também tem as eleições, sempre que tem eleição municipal a gente pode realmente acompanhar de perto e ficar de olho nas propostas dos candidatos e candidatas para realmente votar em alguém de forma bem consciente, entendendo qual é o projeto de mobilidade daquela equipe para o seu bairro, para a sua cidade.

Renata Pifer: Muito obrigada Gabriela, por nossa parceria, e por estar aqui conosco no vida em movimento.

Gabriela Callejas: Obrigada a você, Renata. A gente se vê aí pelas ruas, tá bom?

Ludmila Vilar:O pé humano é uma obra de arte e uma obra-prima da engenharia”. Essa frase é do artista e inventor Leonardo da Vinci, pioneiro ao perceber o quão fascinante é o corpo humano e suas potencialidades – como a de nos levar longe, sustentados por esse complexo conjunto de ossos e articulações. Os 52 ossos dos dois pés humanos representam 1/4 de todos os ossos do corpo!

Ludmila Vilar: E vocês sabiam que uma pessoa caminha, em média, 9 mil passos por dia? Isso quer dizer que, ao final da vida, cada um de nós terá dado quatro voltas ao redor do mundo a pé.

Ludmila Vilar: E a gente nem precisa andar por todo o planeta, para que a caminhada seja considerada o meio de transporte mais democrático do mundo.

Renata Pifer: Andar melhora qualidade do sono, ajuda a proteger a saúde do coração e faz bem até para o cérebro. De acordo com um estudo realizado pela Universidade de São Francisco, pessoas idosas tendem a ter menos problemas de memória, se fizeram caminhadas ao longo da vida, especialmente as mulheres.

Renata Pifer: E andar também faz bem para alma. Não é à toa que algumas das experiências mais transformadoras acontecem enquanto andamos a pé, em caminhos consagrados pelo tempo e pela história. Talvez um dos mais famosos seja o Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, que foi inclusive declarado Patrimônio Universal pela Unesco.

Ludmila Vilar: E no Brasil temos o caminho da fé, inspirado em Santiago, que tem como destino o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, no estado de São Paulo. Os peregrinos podem partir de 17 cidades, tanto de São Paulo quanto de Minas Gerais, com destaque para a cidade paulista de Águas da Prata, onde surgiu a ideia.

Ludmila Vilar: E claro temos o Nepal, do qual talvez a gente saiba pouco, mas que recebe um volume enorme de turistas que buscam seus caminhos e trilhas rumo ao Monte Everest. Eu mesma já tive a oportunidade de passar por essa experiência. Essa atração – ao mesmo tempo turística, religiosa e de superação pessoal – faz com que o Nepal acumule números impressionantes. Em 2019, a temporada de primavera registrou um número recorde de alpinistas no Everest: 885 – dos quais 644 partiram do sul e 241 iniciaram a escalada pela face norte, no Tibete.

Renata Pifer: Mas como estamos aqui pela mobilidade urbana, há outros fatos superinteressantes quando falamos sobre andar a pé nas cidades. Desde a Roma Antiga já havia registros de calçadas nos espaços urbanos, para separar o tráfego a pé da circulação dos veículos puxados por cavalos.

Renata Pifer: Já na Idade Média, essa separação foi esquecida no dia a dia dos chamados burgos – as cidades da época.  Era a ocupação não planejada das edificações que definia o traçado urbano, e pessoas e mercadorias circulavam no mesmo espaço.

Ludmila Vilar: E vocês sabiam que, em Paris, cidade onde tanto se fala sobre o prazer de andar a pé, as calçadas começaram a ser construídas somente a partir de 1830? E ainda assim voltadas para o plantio de árvores, não para proteção dos pedestres.

Renata Pifer: E por falar em calçadas, temos um ótimo exemplo. A ONG Movimento Superação, formada por jovens com e sem deficiência preocupados com a inclusão, criou a ação “Sem Rampa, Calçada é Muro”, com o objetivo de sensibilizar a população sobre a importância das rampas para garantir a livre circulação e a autonomia dos cidadãos. Junto com grafiteiros da capital paulista, o projeto encheu de formas e cores os meios-fios de várias calçadas, para marcar bem o desnível entre o espaço para pedestres e a rua.

Renata Pifer: Essa e outras histórias fazem parte do guia “Mobilidade urbana na escola: por que esse tema não deve ficar parado?”, uma iniciativa da Fundação Grupo Volkswagen, realizada pelo Carona a Pé. A publicação aborda tópicos como o próprio conceito de mobilidade urbana, o futuro das cidades e suas possibilidades de transformação, a importância do caminhar e do ir a pé para a escola, planejamento urbano, entre outros.

Renata Pifer: Vocês sabiam que 40% dos brasileiros se deslocam a pé? E se incluirmos nessa conta os 28% dos deslocamentos diários em transporte coletivo – que quase sempre têm um trecho a pé –, esse número pula para 68% do total. Ou seja, são 130 milhões de pessoas andando a pé pelas ruas do brasil todos os dias.

Ludmila Vilar: Agora vamos falar um pouco de bicicleta? Sabiam que ela nasceu prima-irmã da caminhada? É isso mesmo! A primeira de que se tem notícia surgiu em 1817, um modelo construído pelo barão alemão Karl von Drais e que recebeu o nome de “máquina corredora”. Uma engenhoca feita de madeira e que não tinha pedais, funcionava com o impulso dos pés. a ideia era oferecer um meio de transporte mais barato e fácil de manter que os cavalos.

Ludmila Vilar: E podemos dizer que a ideia deu certo. Desde essa primeira “máquina corredora”, a bicicleta não parou mais de receber aperfeiçoamentos para chegar no que conhecemos hoje.

Ludmila Vilar: A partir dos anos de 1890, as bicicletas começam a ser produzidas em larga escala. Além de se popularizar pelo seu fácil acesso, esse meio de transporte ganhou um protagonismo ainda mais especial: as mulheres não só passaram usar cada vez mais a bicicleta, como também fizeram dela “um símbolo de liberdade para o setor feminino, muitas vezes associando-o aos movimentos sufragistas”, como escreveu na época uma revista de moda.

Ludmila Vilar: “Andar de bicicleta fez mais pela emancipação da mulher, do que qualquer outra coisa no mundo”, disse a feminista americana Susan Anthony, no final do século 19. As americanas e as francesas foram as pioneiras no uso da bicicleta no final daquele século. Essa liberdade pessoal chegou em um momento em que as mulheres iam à luta por seus direitos.

Renata Pifer: Iniciou-se também uma mudança significativa no vestuário feminino. Os vestidos desconfortáveis, que restringiam movimentos, começaram a ser substituídos por calças. A bicicleta propiciou não só a reforma do vestuário feminino, como mudou definitivamente as atitudes sociais em relação a estas peças.

Renata Pifer: E até hoje a bicicleta continua um símbolo de liberdade para as mulheres. Em 2006, o governo do estado de Bihar, na Índia, começou a subsidiar a compra de bicicletas para meninas adolescentes que estavam começando o ensino médio, com o objetivo de que elas pudessem chegar até a escola. Foi essa medida que aumentou as chances de as meninas continuarem estudando.

Ludmila Vilar: Aqui no brasil, a bicicleta está mais presente do que imaginamos. Segundo o IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o Brasil tem mais bicicletas do que carros. São 50 milhões de bikes contra 41 milhões de carros.

Ludmila Vilar: E para começar a falar de veículos motorizados, o pulo mais natural é da bicicleta para a motocicleta. Segundo os norte-americanos, o inventor da moto foi Sylvester Howard Roper, que desenvolveu um motor de cilindros a vapor (acionado por carvão) em 1867 e o acoplou a uma… bicicleta, claro!

Ludmila Vilar: Pouco tempo depois, o mesmo Roper apresentou um veículo melhor, com mais autonomia e menos cheiro… Em 1º de junho de 1896, o inventor decidiu que seu engenho estava pronto para ser exibido ao público.

Ludmila Vilar: Menor e mais acessível que um carro, mais veloz que uma bicicleta… Não deu outra: a moto entrou para o século 20 com um sinônimo de locomoção ágil, que iria até onde os automóveis não chegavam e logo se tornou um símbolo de liberdade. E grandes clássicos do cinema americano consolidaram essa ideia, como O Selvagem (1953), Sem Destino (1969) e Diários de Motocicleta (2004). Em todas essas produções, não somente a moto aparece como veículo, mas também símbolo do ir e vir sem limites – e o motoqueiro como um cavaleiro moderno, chegando a todos os reinos que seu coração livre desejar.

Renata Pifer: No brasil não foi diferente. Sua história por aqui começa no início do século passado, com a importação de modelos europeus e norte-americanos, a partir de 1910 e com um forte crescimento dessa indústria durante a década de 1970.

Renata Pifer: Isso sem contar o papel social que a moto assumiu aqui no Brasil. Por ser um veículo motorizado individual mais barato, se tornou uma “ferramenta de trabalho” importante para muitas pessoas. Em 2019, quase 20% das motos vendidas no país tinham como principal função o uso profissional – índice que já chegou a 27% em 2004 e 2016.

Ludmila Vilar: O automóvel também chegou por aqui nos primeiros anos do século 20. nessa época, o industrial americano Henry Ford já produzia seus carros de forma padronizada e em massa – desde 1908 para sermos mais precisas.

Ludmila Vilar: O automóvel que começava a tomar as ruas das novas cidades era fruto da evolução de modelos anteriores, criados no final do século 19. Não à toa, o século 20 foi por diversas vezes chamado de “o século do automóvel”.

Renata Pifer: Já “motorizados”, vamos passar para a evolução dos transportes coletivos. De acordo com o levantamento “Os Benefícios do Transporte Coletivo”, realizado pelo IPEA, a primeira e mais evidente vantagem é a capacidade de transportar mais pessoas, economizando espaço. Já em termos de energia, um ônibus responde à capacidade de, no mínimo, 35 carros.

Ludmila Vilar: E quando se fala em transporte coletivo, o modal ferroviário representa ainda mais vantagens em termos de eficiência, consumo de energia e uso racional do solo.

Ludmila Vilar: Seu surgimento está estritamente ligado à revolução industrial, sendo este um dos principais inventos desse período. O meio de transporte emergiu na Europa, mais precisamente, na Inglaterra, no século 19. E por volta do ano de 1850, nas proximidades de Londres, as locomotivas já atingiam até 70 km/h, uma velocidade considerada alta para aquele momento histórico.

Ludmila Vilar: Movidas a vapor, gerado a partir da queima de carvão, esse então inovador meio de transporte, rapidamente se espalhou por outros lugares do mundo. No Brasil, a construção da primeira ferrovia foi em 1852, um trecho que saía da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, e seguia em direção à cidade de Petrópolis (RJ), com 14,5 quilômetros de extensão e que foi inaugurada por ninguém menos que D. Pedro 2º.

Ludmila Vilar: E ainda hoje o transporte sobre trilhos – primeiro os trens e depois o metrô – são apontados como atores importantes para melhoria da mobilidade urbana. Além de seu potencial para diminuir o trânsito nas vias urbanas, ele não emite CO2, é rápido e leva vantagem ganha no quesito pontualidade, em relação a outros modais.

Renata Pifer: E uma curiosidade sobre o metrô: sabiam que, quando o trem para no meio do túnel, isso não é necessariamente um sinal de mal funcionamento? Ao contrário! Muitas vezes, quando eles diminuem a velocidade ou chegam a parar, o motivo principal é a regularização dos horários das viagens entre as estações, que acabam ficando desregulados durante os horários de pico – quando é maior o tempo necessário para que os passageiros entrem e saiam dos vagões.

Ludmila Vilar: E com essa a gente encerra o segundo episódio da segunda temporada do vida em movimento. Esperamos que vocês terminem essa viagem conhecendo um pouco melhor a mobilidade urbana.

Renata Pifer: E mais importante: sabendo o que cada um de nós pode fazer para que nossas cidades fiquem mais eficientes e mais acolhedoras para todos e todas. obrigada e até a próxima!

Locutor:

O podcast Vida em Movimento é uma realização da Fundação Grupo Volkswagen. Produção, pesquisa e roteiro: RPTCom e Fundação Grupo Volkswagen. Apresentação: Renata Pifer e Ludmila Vilar. Produção musical, gravação, edição e finalização: Groove Audiomedia. A convidada de hoje foi Gabriela Callejas, co-fundadora e diretora da ONG Cidade Ativa. Se você quiser saber mais sobre mobilidade urbana, acompanhe nossos site ou siga a gente nas redes sociais