A desigualdade racial é uma realidade profundamente enraizada no Brasil, restringindo as oportunidades de mobilidade social e perpetuando ciclos de pobreza e exclusão. Dados da Pesquisa Nacional Desigualdades e Mobilidade Social (2024) revelam como preconceito, racismo ambiental e barreiras institucionais permanecem desafios diários para pessoas negras, limitando o acesso a recursos essenciais, como educação e emprego.
Preconceito e racismo ambiental: impactos no cotidiano
A pesquisa aponta que sete em cada dez brasileiros (69%) percebem diferenças de tratamento entre pessoas negras (pretas e pardas) e brancas em diversos ambientes e espaços, evidenciando a persistência de discriminações explícitas e sutis que afetam a convivência social e as oportunidades.
Cerca de dois terços dos entrevistados também relatam preconceito na abordagem policial, frequentemente associado a características como tipo de cabelo, vestimenta e cor da pele. Essas vivências reforçam as barreiras enfrentadas por pessoas negras em situações cotidianas e institucionais.
O conceito de racismo ambiental acrescenta outra dimensão a essas desigualdades, ao mostrar como populações negras e de baixa renda são desproporcionalmente afetadas por problemas como moradias precárias, falta de saneamento básico e impactos das mudanças climáticas. Sem políticas públicas direcionadas, essas condições agravam a exclusão social e limitam ainda mais a mobilidade.
Mundo do trabalho: barreiras e oportunidades perdidas
Apesar de representarem 56% da população brasileira, as pessoas negras ocupam menos de 30% dos cargos de liderança no país, segundo dados da pesquisa divulgada pelo Instituto Ethos (2020). Entre as 500 maiores empresas, apenas 4,7% dos cargos de alta liderança são ocupados por negros, destacando a sub-representação em posições estratégicas.
Essa exclusão sistêmica não afeta apenas os indivíduos, mas também o potencial de inovação e diversidade das organizações. Sem políticas inclusivas – como treinamentos antirracistas e programas de recrutamento voltados para a diversidade – as empresas perdem talentos valiosos e perpetuam a exclusão.
Promover equidade racial exige esforços estruturais, como a ampliação do acesso de pessoas negras às universidades e iniciativas que promovam a diversificação em espaços de liderança.
Mobilidade social como ferramenta de transformação
Na Fundação Grupo Volkswagen, entendemos mobilidade social como mais do que ascensão econômica – trata-se de oferecer condições reais para que todos tenham acesso a oportunidades justas e possam transformar suas vidas.
Um exemplo é a associação Mucambos de Raiz Nagô, apoiado pelo Edital Juntos pela Mobilidade Social. Lançado durante o Dia da Consciência Negra, o projeto une raízes culturais afro-brasileiras a práticas contemporâneas de fortalecimento comunitário. Por meio de oficinas e eventos culturais, o grupo promove o protagonismo negro, especialmente entre mulheres, ao mesmo tempo em que preserva tradições como o Maracatu.
O edital também incentiva e tem como critério iniciativas voltadas a comunidades negras e indígenas, fortalecendo a educação, a inclusão produtiva e o empreendedorismo – passos concretos para combater desigualdades estruturais.
Educação: uma ponte para o futuro
A educação desempenha um papel central na mobilidade social. Ampliar o acesso de pessoas negras às universidades e diversificar a representatividade em cargos públicos e espaços de poder são medidas cruciais para reduzir desigualdades. Da mesma forma, as empresas devem adotar práticas inclusivas e articular programas comunitários que promovam transformação social.
Essa visão dialoga com a importância da educação como ferramenta de mobilidade social, abordada no nosso blog em “A relação entre Mobilidade Social e Educação”.
O combate à desigualdade racial exige compromisso coletivo. Projetos como o Edital Juntos pela Mobilidade Social e iniciativas como as promovidas pelo Mucambos de Raiz Nagô demonstram que é possível transformar histórias por meio da valorização cultural e da inclusão produtiva. Explore nossos conteúdos sobre mobilidade social e junte-se a nós nessa jornada por uma sociedade mais justa e igualitária. A mudança começa agora – e depende de todos nós.